Está nos cinemas o belíssimo filme A Travessia, que conta a história real do equilibrista francês Philippe Petit que, em 1974, realizou sua maior proeza: uma travessia entre as torres gêmeas do World Trade Center na corda bamba, sem equipamentos de segurança.

Tal feito, de tamanha ousadia e coragem, jamais foi esquecido, sendo frequentemente retratado em filmes e documentários. Apesar de ter sido ilegal e de ter lhe rendido uma prisão, a travessia fez de Philippe um cidadão honorável da cidade de Nova York, atestando o reconhecimento da sociedade à grandiosidade do ato de Philippe.

Mas, o que leva alguém a realizar tal façanha tão perigosa e arriscada? A troco de quê? Quem responde é o próprio Philippe.

“Quando eu estava aprendendo sozinho, apesar de meus pais, professores e sociedade, quando eu estava batalhando para construir minha vida como um jovem equilibrista aos dezesseis anos, eu não tinha sentimentos – eu tinha certezas”

Sua grande motivação sempre foi sua paixão. Ele via beleza e arte em seus atos e, para ele, nada era mais importante que se dedicar a isso. “A paixão é o lema de todas minhas ações”, uma de suas frases mais emblemáticas.

“Para mim, é muito claro que a vida deve ser vivida em seu limite. Você precisa se rebelar, recusar a se submeter a regras, recusar o seu próprio sucesso, recusar a se repetir. Você precisa ver cada dia, cada ano, cada idéia como um verdadeiro desafio e assim, passar a viver sua vida na corda bamba”

Uma das maiores lições que podemos tirar de Petit é que nada na vida é conseguido sem coragem. Claro, todos temos medo de falhar, porém temos de usar isso como combustível a nosso favor para fazer-nos seguir em frente e buscar nossos objetivos, não desistir.

“Você não pode cair. Quando você perder seu equilíbrio, resista por quanto puder antes de virar-se para o chão. E daí, pule. Você não deve se esforçar para ficar parado. Você deve seguir em frente.”

Para Petit, a vida é uma grande fonte de oportunidades, e ele as enxerga onde ninguém mais vê. “Quando eu vejo três laranjas, eu faço malabarismos. Quando eu vejo duas torres, eu ando.”

Sua motivação é tanta que ele está disposto a morrer pela sua arte. “Se eu morrer, será uma bela morte. Morrer no exercício de sua paixão”. Mas, claro, ele não é louco. Além de ser perito no que faz, ele sempre se prepara como pode para suas ações, tomando todas as precauções devidas com sua segurança e os preparativos para cada ação, com seus equipamentos e equipe.  “A morte cerca a corda bamba. Mas eu não me vejo correndo riscos. Eu tomo todas as precauções que alguém que não busca a morte faria.”

As lições que Philippe Petit nos deixa são muitas. Sua corda bamba nada mais é que uma metáfora para os caminhos que escolhemos para nossas vidas. Muitas vezes, buscamos o caminho mais fácil e mais cômodo, que nunca nos leva a lugar algum. A sociedade queria que ele fosse uma pessoa “normal”, e por isso ele foi expulso de três colégios, por insistir em perseguir seu sonho. Talvez, se tivesse desistido, jamais teríamos ouvido falar dele, mas desistir nunca fez parte de seu vocabulário.

O medo nos impede se desfrutarmos de alguns dos mais belos e intensos sentimentos conquistados com os grandes desafios de nossa vida. E, naquele 7 de agosto de 1974, Philippe Petit nos presenteou com sua obra máxima e escreveu seu nome na história. Uma lição de dedicação, determinação e coragem para todos nós. As torres gêmeas já se foram, mas Philippe –  e seu feito – ficarão na eternidade.

“Eu sou um equilibrista, mas na verdade, sou um cineasta que ainda não fez seu primeiro filme.”